Endorfina para Profissionais
A Academia Paranaense de Medicina publica um Boletim bimestral. Nele, profissionais manifestam suas opiniões e posições. O platinense Luciano Dias dos Reis participou. Confira abaixo.
O ambiente de trabalho dos profissionais da medicina é caracterizado por altos níveis de estresse, carga horária intensa e constante exposição a situações emocionalmente desafiadoras. Diante desse cenário, a prática esportiva e a liberação de endorfina desempenham um papel crucial na manutenção da saúde física e mental desses profissionais.
Estudos como o “Associations of Specific Types of Sports and Exercise with All-Cause and Cardiovascular-Disease Mortality” e a pesquisa liderada pela Universidade de Stanford destacam os benefícios do exercício físico na redução de doenças cardiovasculares e no aumento da longevidade, fatores especialmente relevantes para aqueles que lidam com um cotidiano extenuante.
A prática de atividades físicas contribui significativamente para a qualidade de vida dos médicos, tanto no aspecto fisiológico quanto no emocional. A liberação de endorfina, um neurotransmissor associado à sensação de bem-estar e à redução da dor, é um dos principais mecanismos que tornam o exercício um aliado contra o estresse e o esgotamento profissional. Segundo o artigo “O Exercício Físico: Um Fator Importante para a Saúde”, da Federation Internationale de Médecine Sportive, o corpo humano tem uma notável capacidade de adaptação funcional e estrutural ao exercício físico, o que favorece a resiliência dos profissionais da saúde diante de suas demandas diárias.
O estresse ocupacional é um problema recorrente entre os profissionais da medicina, podendo levar ao desenvolvimento de síndrome de Burnout, ansiedade e depressão. Nesse contexto, os exercícios aeróbicos, como corrida e natação, têm sido apontados como altamente eficazes na redução do nível de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, esportes coletivos podem desempenhar um papel importante na socialização e na melhora da saúde mental, ao possibilitarem interação e cooperação, aspectos fundamentais para o equilíbrio emocional dos médicos.
Outro ponto relevante é o impacto positivo da atividade física na capacidade cognitiva. O estudo da Universidade de Stanford enfatiza que o exercício é uma intervenção médica altamente eficaz, capaz de otimizar a função cerebral e melhorar a tomada de decisão. Para os profissionais da saúde, que frequentemente precisam lidar com diagnósticos complexos e tomada de decisões rápidas, essa vantagem cognitiva é essencial.
Ademais, há um fator exemplar envolvido na prática esportiva por parte dos médicos. Como profissionais da saúde, sua conduta impacta diretamente na motivação dos pacientes. Quando um médico adota um estilo de vida ativo, ele se torna uma referência para aqueles que atende, incentivando a adesão de pacientes às recomendações de exercício e bem-estar.
Estudo do professor Ashley, do Departamento de Medicina Cardiovascular da Stanford University, aponta que o exercício ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares e até mesmo de neoplasias, através da melhora das atividades físicas diárias além da melhora no sono e humor. Professor Ashley relata aos seus pacientes que a cada minuto de exercício, obtém-se 5 minutos adicionais de vida.
Estudo britânico multicêntrico, sugere que esportes com raquete, natação, e ciclismo são os que mais prolongam a expectativa de vida com qualidade dos praticantes.
Portanto, a inserção da prática esportiva na rotina dos profissionais da medicina é fundamental não apenas para a manutenção de sua saúde física e mental, mas também para a melhoria da qualidade do atendimento prestado aos pacientes. Diante das evidências científicas, torna-se essencial promover programas e campanhas que incentivem esses profissionais a adotarem um estilo de vida ativo, garantindo assim uma medicina mais humanizada e sustentável.