Idosos aprendem como combater o cibercrime no PR

Durante novo workshop na Assembleia Legislativa

Uma turma animada, atenta e muito curiosa participou da nova edição do “Workshop Uso Seguro e Consciente da Internet – curso gratuito para pessoas idosas”, realizado na Assembleia Legislativa. A sensação de anonimato – aliada a falta de cuidados dos usuários – tem permitido o roubo de senhas bancárias, invasão de computadores, disseminação de vírus, levando centenas de criminosos a publicarem conteúdos ofensivos de todo tipo contra milhares de pessoas, famosas ou não. Os idosos são as vítimas preferidas dos golpistas.

Preocupações semelhantes as demonstradas por idosos, que realizaram o curso foram reveladas pelos participantes depois.“Esses esclarecimentos são muito importantes”, declarou a aposentada Elizabeth Ell, que reside em Matinhos, no Litoral do estado, e veio até Curitiba para aprender mais sobre navegação segura na internet. “Não tenho maldade, acredito nas pessoas, tenho boa-fé, e já acabei sofrendo tentativas de golpes. Por isso, estou sempre buscando informações para me proteger”, contou. Quem também não deixa mais de se atualizar, especialmente na área de informática, é a aposentada Emídia Santos Ferreira, de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Ela contou que além de mensagens oferecendo empréstimos, e outras vantagens duvidosas, que chegam todo tempo no celular, foi abordada na rua por um casal “com muita conversa e insistência”. Eles tentaram convencê-la a passar dados pessoais e apresentaram o “famoso bilhete premiado”. “É muito bom aprender. Assim, sabemos nos defender dessas pessoas”, reforçou Emídia. Já o aposentado Almir Vicente Neves veio até a Assembleia por indicação do filho: “Ele, como bom filho, percebe as dificuldades que tenho com esse mundo virtual, e me encaminhou as informações sobre o curso”. “Hoje até para estacionar um carro em Curitiba o aposentado depende de um aplicativo. Caso contrário é multado. Não podemos mais ficar fora dessa era digital”, relatou.

Aliás, essa é a grande reclamação de Neves. “Tudo está virando ‘aplicativo’. Isso traz muita dificuldade para os idosos”, reclamou em tom bem-humorado.

Proteja as informações pessoais – O workshop, que não tem nenhuma taxa, é uma iniciativa da Assembleia Legislativa, através do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado, em parceria com a Celepar e o Governo do Estado.

Com linguagem didática e muitos exemplos, os técnicos Sérgio Luís dos Santos Oliveira e Ataíde Prestes de Oliveira Júnior, da Celepar, falaram para essa turma sobre as práticas de golpes e apresentaram dicas fáceis, que aumentam a segurança. Ambos reforçaram ser fundamental saber proteger informações pessoais. Isso inclui evitar compartilhar dados sensíveis, como números de documentos, senhas ou informações financeiras, em sites não seguros ou suspeitos. Utilizar senhas fortes e atualizá-las regularmente também é uma medida básica de segurança. Os técnicos fizeram uma explanação didática de diversos casos já registrados na imprensa, reiterando que o uso seguro da internet envolve a adoção de medidas proativas para proteção dos nossos dados. Demonstraram que para praticar os golpes, os criminosos coletam o que cada um expõe na internet, desde fatos sobre a família até imagens de viagens.

O que diz a legislaçãoDados divulgados pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos no início de junho revelam que o órgão já recebeu, em 2024, mais de 21 mil denúncias de violações deste tipo contra idosos. Mulheres são a maioria das vítimas. Talvez por isso, as informações sobre a legislação que pune os criminosos, outro ponto tratado durante o curso, chamou bastante a atenção dos participantes, que fizeram diversos questionamentos.

Para combater os crimes cibercrimes, o Brasil já conta com uma série de leis. A primeira delas é a Lei dos Crimes Cibernéticos (Lei 12.737/2012), conhecida como Lei Carolina Dieckmann, que tipifica atos como invadir computadores, violar dados de usuários ou “derrubar” sites. Existe ainda o chamado Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) regulamentando os direitos e deveres dos internautas.

Ele protege os dados pessoais e a privacidade dos usuários. Dessa forma, somente mediante ordem judicial pode haver quebra de dados e informações particulares existentes em sites ou redes sociais. Há também a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei 13.709/2018) dispondo sobre o tratamento dos dados pessoais, inclusive em meios digitais, de qualquer pessoa física ou jurídica. A LGPD proíbe que as empresas mantenham dados de terceiros, como clientes, fornecedores e funcionários, em suas bases, sem o devido consentimento. Para uma loja poder manter um cadastro de clientes, por exemplo, necessita de uma autorização expressa de cada pessoa para isso.

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